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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Perseu - Herói


UMA CHUVA FECUNDA
Desde o seu nascimento, Perseu foi exposto a perigos. O avô dele, o rei Acrísio, tentou impedir sua existência porque um oráculo lhe anunciara que seria morto pelo filho da filha. E olhem que o rei fez tudo o que pôde para evitar o nascimento dessa criança maldita! Mandou construir um quarto de bronze numa alta torre do palácio de Argos e lá encerrou a filha Dânae. Somente sua velha babá podia vê-la para lhe levar comida. As paredes e as portas eram intransponíveis para os homens, mas, para Zeus, aquilo era brincadeira. Ele entrou no quarto por uma fresta do telhado, sob a forma de uma chuva de ouro. A moça o recebeu e lhe ofereceu seu amor. Dessa união clandestina nasceu um menino. Conseguiram esconder ao rei a existência de Perseu por algum tempo... mas, um dia, alertado pelo choro da criança, Acrísio foi até a torre. Sua surpresa e, depois, sua fúria foram imensas! Ele se recusou a crer na fábula da intervenção divina. Persuadido da cumplicidade da babá, ordenou que a executassem. As lágrimas da filha impediram que o rei eliminasse o menino, mas ele o trancou com a mãe num baú de madeira e jogou o baú no mar.

QUE BOA PESCARIA! 
O destino se mostrou mais clemente do que Acrísio. O baú foi jogado pelas ondas no litoral da ilha de Serifo, onde, naquela tarde,  Dicte recolhia suas redes. Como estavam pesadas! Também pudera, com aquele baú de madeira! Abriu-o imediatamente, pensando que ali encontraria um tesouro, mas, em vez de moedas e jóias, deu com uma linda moça e um bebê faminto. No mesmo instante lhes ofereceu sua casa e sua proteção. Um dia, Polidectes, seu irmão, que reinava na ilha, foi visitá-lo. Assim que viu Dânae, apaixonou-se loucamente por ela. Mas Perseu, que crescera, agora tomava conta da mãe, e o rei compreendeu que, enquanto o filho estivesse junto dela, não poderia tentar nada. Para sorte de Polidectes, apresentou-se uma oportunidade de afastar o rapaz. O rei organizou em seu palácio uma grande festa, para a qual convidou o filho de Dânae. Todos prometeram ao rei presentes suntuosos. Perseu propôs lhe oferecer a cabeça de uma Górgona. Polidectes não disse nada no momento, mas no dia seguinte foi falar com ele: "Parece-me que ontem o ouvi me prometer um presente excepcional. Quando vou recebê-lo?" Vítima de suas próprias palavras, Perseu teve que cumprir a promessa. Despediu-se da mãe, que o beijou ternamente recomendando-lhe prudência, e partiu em busca da Górgona.

PELOS OLHOS DE UMA GÓRGONA 
Esse nome causava arrepios. Designava três criaturas horrendas: Esteno, Euríale e Medusa. Centenas de cobras infestavam suas enormes cabeças, e uma careta pavorosa lhes deformava o rosto. Duas delas eram imortais. Perseu decidiu então atacar a terceira, Medusa. No entanto a tarefa não era fácil: com um olhar, ela transformava qualquer um em pedra. O rapaz foi se aconselhar com as filhas de Fórcis, que também eram feiíssimas, mas pelo menos eram úteis. Perseu não obteve facilmente as informações que queria, porque a princípio elas se recusaram a dá-las. Precisou empregar muita esperteza. Como as três velhas possuíam, juntas, um só olho e um só dente, que usavam uma de cada vez, Perseu os arrancou e ameaçou atirá-los no mar. Elas logo lhe contaram: "É com as ninfas que você vai encontrar os instrumentos necessários à sua vitória. Elas têm sandálias aladas que o farão correr mais depressa, um saco para pôr a cabeça da Górgona e um capacete, oferecido por Hades, que torna invisível quem o usa. Se você se comprometer a devolver esses objetos, elas vão lhe emprestar todos." Foi o que ocorreu. Além disso, de Hermes, Perseu recebeu uma foice de lâmina dura e afiada, e, de Atena, um grande escudo de bronze polido. Assim equipado, calçou as sandálias, pegou o saco, o capacete e a foice, e voou para o lugar onde as Górgonas descansavam. No caminho, pôde observar os vestígios da passagem delas: homens e animais de pedra ladeavam a estrada. De repente, uma grande concentração de estátuas chamou sua atenção. Elas formavam um círculo em cujo centro se encontravam as Górgonas adormecidas. Dirigiu-se pé ante pé até elas, tomando o cuidado de lhes dar as costas. Para se orientar, observava o reflexo de seus passos no escudo. Medusa se moveu. Teria percebido a aproximação do herói? Perseu não hesitou nem um segundo. Apertando firme o cabo da foice, lançou o braço para trás e lhe cortou o pescoço com um golpe seco. Sem tirar os olhos do escudo, agarrou a cabeleira de serpentes e enfiou a cabeça da Górgona no saco emprestado pelas ninfas. Produziu-se então um fato estranhíssimo: do sangue de Medusa nasceu um cavalo alado que imediatamente saiu voando. Perseu nem teve tempo de admirar o vôo de Pégaso, porque as outras  duas Górgonas acordaram. Procuraram ao redor o responsável pelo que viram, mas Perseu, que estava invisível graças ao capacete de Hades, já escapava correndo dali.

Continuando sua volta para casa, passou por uma ilha onde viu uma linda mulher acorrentada no meio do mar, não fossem as lágrimas que vertiam de seu rosto, teria confundido-a com uma estátua. Perseu pergunta a jovem o que fez para merecer tal punição, a moça então diz a ele: "Eu sou Andrômeda, minha mãe Cassiópeia ousou comparar sua beleza com as filhas de Posêidon, as ninfas do mar, e fomos castigados por isso. Posêidon mandou o monstro Ceto destruir nossa cidade pelo erro de minha mãe e eu fui oferecida como sacrifício". Perseu diz que salvará a bela moça, se esta prometer casar com ele, mas antes de receber a resposta, uma grande onda se abriu no meio e o monstro marinho apareceu, sem pensar duas vezes Perseu vai de encontro ao monstro e, aproveitando sua vantagem de voar, ganha a sangrenta batalha. Os pais de Andrômeda lhe concedem sua mão e Perseu volta para casa com ela.

Ao chegar em casa vê uma desordem, o rei de Serifo, Polidectes, e seus seguidores, vão atrás de Dânae, mãe de Perseu, para violentá-la. Perseu convoca seus amigos para lutarem com ele, mas o rei e seus fiéis eram em muito maior número. Quando a batalha parecia perdida, o herói lembra do que ocorrera a Atlas quando este fixou seus olhos no petrificante olhar da górgona Medusa e diz: "Aqueles que forem meus amigos, que fechem os olhos". Os que acreditaram então fecham seus olhos e Perseu ergue a cabeça de Medusa, todos que estavam contra ele (e inclusive alguns amigos descrentes) são petrificados, menos o rei, que percebera o que ocorreria e vira seu rosto, ele então pede clemência a Perseu: "Por favor, ó Perseu, me deixe viver, eu reconheço que tu és mais forte e que mataste a górgona, então não me mate também". O argiano responde: "Tratarei bem de você Polidectes, deixarei você em minha casa para jamais esquecer da covardia que me mostra agora". Perseu vira o rosto de Medusa na sua direção, petrificando-o, na posição de covardia em que ele se mostrava, levando a estátua para casa, jamais esquecendo do ocorrido.


Depois disso Perseu deu a cabeça da Medusa para a deusa Atena, que a colocou em seu escudo. Conforme a profecia, Perseu acabou assassinando o avô durante uma competição esportiva, em que participava da prova de arremesso de discos. Fazendo um lançamento desastroso, acertou acidentalmente seu avô sem saber que ele estava ali. Assim, cumpriu-se a profecia que Acrísio mais temia. Apesar disso Perseu se recusou a governar Argos (trocando de reinos com Megapente filho de Preto) e governou Tirinto e Micenas (cidade que fundou), estabelecendo uma família de sete filhos: Perseides, Perses, Alceu, Helio, Mestor, Sthenelus, e Electrião, e uma filha, Gorgófona. Seus descendentes também governaram Micenas, de Electrião à Euristeu, após os quais Atreu conquistou o reino, tais descendentes incluíam, também, o grande herói Hércules. Seguindo esta mitologia Perseu também é o ancestral dos persas.


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